quinta-feira, 24 de janeiro de 2019

This is us


Hoje é quinta-feira. Dia de “This is us”.

Jack proíbo-te de falares da maneira como falas com qualquer um dos teus filhos. Proíbo-te de te mostrares aquele pai preocupado, atento e sempre presente. Proíbo-te que adotes aquela postura de pai que sabe escutar e compreender os seus filhos. Proíbo-te que sejas o pai que pelos filhos vai até ao fim do mundo. Que sejas o pai que tem sempre o conselho ideal para dar e sempre na altura certa. Que sejas o pai que diz aquilo que os teus filhos precisam de ouvir, ainda que não gostem ou que não concordem. Proíbo-te que os mimes como tu os mimas e que te mostres afetuoso em todos os momentos, mesmo naqueles em que ralhas com eles, porque sabemos que ralhar é tantas vezes sinónimo de amar. Proíbo-te que mostres esse teu ar orgulhoso cada vez que assistes a algo em que eles, de uma maneira ou outra, participam ou simplesmente quando cantam escondidos no quarto em frente ao espelho. Proíbo-te que faças viagens com eles e que os acompanhes sempre nos momentos mais importantes das suas vidas. Proíbo-te, ainda, que te esforces tanto para nunca os desiludir e que faças disso o lema da vossa relação.

Randall, a ti, em particular, proíbo-te que olhes daquela maneira embevecida para o teu pai, como quem olha para uma espécie de Deus na Terra ou como se de um verdadeiro super-herói se tratasse. Que olhes para ele sabendo que ali tens o teu porto seguro e que daquela boca sairão sempre os melhores e mais sábios conselhos. Que bebas das palavras dele como se de pão para a boca se tratasse. Que os teus olhos mostrem, dessa maneira tão despudorada, o grande amor que sentes por ele e o grande orgulho que tens em que seja aquele o teu pai.

É que vocês não compreendem, mas há um limite para aquilo que uma mãe é capaz de fazer por um filho. Uma mãe não é capaz de fazer um pai ser tudo aquilo que tu, Jack, és para os teus filhos. Uma mãe não pode fazer com que um pai apareça e seja tudo aquilo que o seu filho mais quer e necessita. Uma mãe não pode proporcionar ao seu filho tudo aquilo que os teus três filhos vivem na tua companhia. Não pode. Há limites para aquilo que uma mãe consegue fazer pelo seu filho.

Enquanto isso, uma mãe e um filho, vão vivendo a sua vida a dois, totalmente dependentes um do outro, para o bem e para o mal, lado a lado, nos dias bons e nos dias menos bons, nos ralhetes e nos mimos, nas gargalhadas e nas conversas mais sérias, esperando que um dia aquele filho possa ser para os seus filhos TUDO aquilo que tu, Jack, és para os teus.

Porque afinal de conta, “This is us”.

Era só isto. Obrigada e boa tarde.


terça-feira, 15 de janeiro de 2019

Eu, o Zumba e o ZES


Desde há 25 anos que sou adepta fervorosa das aulas de Step e Aerodance num tempo em que estas modalidades proliferavam em tudo o que era ginásio aqui no Norte e por todo o país. Dias felizes estes em que olhávamos para o plano de aulas de qualquer ginásio e era um regalo para a vistinha: aerodance / step; aerodance / step; aerodance / step!! Que maravilhoso pas de deux! E isto sucedia em qualquer ginásio, do mais mixuruca, ao mais caro. E eu era feliz! Depois, não me perguntem quando, nem porquê – dizem as más línguas que foi devido ao aparecimento das aulas Les Mills e também por causa de uma tal de Zumba… - estas modalidades foram caindo no esquecimento, foram rareando, diminuindo e às duas por três desapareceram mesmo. Puf!! Foram-se!
Claro que nestes moldes esta menina esteve uma eternidade até voltar a entrar num ginásio como aluna, mas esse dia aconteceu e foi aí que, não havendo no plano nenhuma das aulas que eu tanto gostava, entrei pela primeira vez numa aula de zumba e senti-me um peixe fora de água… Então esta gente toooda já sabe as coreografias – tantas numa só aula!! – e eu não?? E fazem uns movimentos estranhos, alguns deles presentes em todas as coreografias. E gritam! Ai... Eles gritam muito!! Andei ali completamente às aranhas e a sensação perdurou durante umas duas semanas.
Mas eu sou mais teimosa que uma mula e percebi que ali poderia fazer uma coisa que eu tanto gostava que era dançar! Músicas que toda a gente conhece, mais comerciais, coreografias fáceis de se memorizar, um instrutor impecável, deixei-me ir e foi como a Coca-cola: primeiro estranha-se, depois entranha-se! E entranhou. Entranhou e de que maneira! Naquela altura o Zumba Fitness surgiu para que alguns dos adeptos do aerodance pudessem vir à tona respirar um bocadinho e voltar a fazer o gostinho ao pé. Assim, ao de leve, sem grandes expectativas, fui entrando na onda!

Em 2012, levada por aquele que na altura ocupava o meu coração, fui fazer umas aulas com um tal de RR, como ele lhe chamava. “Ele é demais!”, “Tu vais adorar!”, “Ele é o melhor do Zumba!” e outras frases que tais e lá fui eu! Minha nossa Senhora, onde é que eu fui parar?? Este senhor mexe-se à velocidade da luz, põe músicas que mais ninguém põe, tem coreografias completamente diferentes e desafiantes, assobia a toda a hora e, sim sorri muito, mas tem um ar alucinado! Para onde foi que tu me trouxeste?? Isto, no início da aula, porque, no final da mesma, eu sabia que já não queria outra coisa! Saí de lá consolada! Abananada, mas consolada!
As aulas seguintes foram passadas comigo com os olhos pregados nos pés do instrutor, tentando afincadamente que os meus obedecessem e fizessem algo minimamente parecido, o que acabou por acontecer. A partir daí se já estava completamente imbuída do mundo do Zumba, mais fiquei, e a ida ao Viso – catedral do Zumba! – virou rotina. Quatro vezes por semana lá ia eu fazer o que mais gostava: dançar! E dançar com aquele que eu, hoje em dia, e desde há muito, considero também ser o melhor do Zumba Fitness a nível nacional! O facto de ser tão bom, levou-o para outros voos, totalmente merecidos. O número de aulas diminuiu, mas a qualidade, diversidade e criatividade, essas, mantêm-se inalteradas e cada vez que regressa de uma viagem, de um evento internacional, vem ainda com mais garra e mais energia, mostrando a tudo e todos a razão de ir lá fora, ou seja, por aquilo que já leva com ele e por aquilo que traz na bagagem e que, de modo tão generoso, partilha connosco, seus alunos. Recentemente, consideraram os que mandam no mundo do Zumba que ele devia ser o ZES (Zumba Education Specialist) de Portugal e eu, por acaso, até concordo! Nada acontece por acaso.
Passados que são uns dez anos sobre o seu aparecimento, o Zumba é olhado de soslaio por muitos, principalmente por aqueles que consideram que é o principal causador do desaparecimento das modalidades referidas acima, mas é assim... se não os podes vencer – e está mais que visto que não! – junta-te a eles! E no entretanto, sem pensares muito, sem queimares muitos neurónios, mas queimando calorias, faz aquilo que mais gostas e dança! Dança e sê feliz!

Era só isto. Obrigada e bom dia!


quinta-feira, 10 de janeiro de 2019

Barreira dos 64

Está agora a fazer um ano que tomei uma decisão radical e de vital importância na minha vida: perder peso. Pesava na altura 78 kg e já estou a imaginar os vossos trejeitos faciais de espanto. Desengane-se, porém, quem acha que eu me sentia mal fisicamente ou que teria a minha autoestima muito em baixo. Não. Nada disso. Fisicamente sentia-me bem e, esteticamente, não posso dizer que me desagradava a imagem que o espelho me devolvia todos os dias - sim, sou vaidosa! 
Cresci na crença de que sempre fui gorda, embora atualmente veja fotografias de quando tinha 15, 16 anos e pense "Eh pá! Que magrinha!". Mas, na altura, talvez devido ao facto de ter tido sempre muito peito - e muitos complexos! - olhava pra mim e via-me gorda e nesses dias, sim, a minha autoestima não andava pelos melhores caminhos.
Por isso, adolescência, juventude e jovem adulta, gorda! Era assim que me via, mas à medida que fui crescendo, fui aprendendo a gerir a imagem que tinha de mim própria e, simultaneamente, lidando melhor com ela. Era gordinha, mas era feliz. Sentia-me bem!
Em janeiro de 2018 dois fatores decisivos ajudaram à decisão de perder peso. Por um lado, uma irmã que, com cuidado, perguntou:"Não queres ajuda para conseguires perder peso e fazeres dieta?"(Com cuidado porque sabia, coitada, que estava sujeita a levar uma daquelas respostas a la Marta Vilas!). Por outro lado, um professor de step que tem por hábito gravar as aulas e depois publicar nas redes sociais. Eu via aqueles vídeos, com coreografias maravilhosas, e só via um mamute aos saltos em cima de um step! Ora quando tal acontece, quando não gostas do que vês em ti e quando já não és capaz de o ignorar, sabes que a altura de fazer mudanças chegou!
E assim foi! Com o alto patrocínio da mana reunimos com um representante da Herbalife e fiz o habitual kit inicial de três dias e vou-vos contar: parecia bruxedo! Comparativamente, devo ter perdido mais naqueles três dias, do que ao longo de toda a minha vida! 
Posto isto e porque todos nós somos como São Tomé e queremos ver para crer, embarquei completamente confiante na aventura de perder peso com ajuda da Herbalife e não me arrependo nem por um segundo. Um batido de manhã outro ao jantar, mudanças drásticas, necessárias e inteligentes na alimentação e foi um ver se te avias! Barreiras atrás de barreiras a serem, aos poucos, ultrapassadas! Aos poucos, porque, como tenho vindo a defender, a pressa é inimiga da perfeição. Confias, cumpres com o estipulado e a "magia" acontece. Fome? Não sei o que isso é. Se tivesse passado por tal, talvez tivesse desistido porque eu gosto de comer, gente!
Hoje em dia a alimentação está alterada para sempre, mais saudável, cuidada e equilibrada, o que não me impede de fazer disparates de vez em quando (as festas foram uma desgraça!). Os batidos foram reduzidos para apenas um, ao almoço ou ao jantar, e não são tomados religiosamente todos os dias, mas a verdade é que a coisa está equilibrada. 
"Vais perder mais?",peguntam-me. Ó pá... Eu queria, não vou mentir. Mas esta menina está mais próxima dos 50 do que outra idade qualquer e longe daquelas idades maravilhosas em que decidimos vou perder 5 kg e, PUF!, perdemos mesmo. Acho que a coisa estagnou e neste momento peso 64,500 kg , mais coisa menos coisa (já vos disse que as festas foram uma desgraça??). Agora é tonificar o que ficou a abanar. Deus permita que não tenha de dizer adeus a muita gente porque a visão é horrenda!
Sendo assim, chegou a pior parte porque de me mexer, de dançar, de "stepar" (palavra inventada pelos aficionados da modalidade) gosto eu! Não é preciso insistir. Mas trabalho localizado, daquele que faz doer, sofrer e aborrecer... detesto. Mas lá terá que ser.
Um conselho? Quem sou eu, mas diria que tens de ser forte. Tens de manter o foco. Tens de querer muito. Tens de acreditar mto em ti. Não podes nunca desistir. Prevaricar, sim, podes, mas desistir nunca!

Era só isto. Obrigada e bom dia!



terça-feira, 8 de janeiro de 2019

Chorar faz bem e é preciso.

Estávamos ainda tão somente no sexto dia do ano e já eu me debulhava em lágrimas ao fim da manhã. Ainda para mais uma manhã linda, cheia de sol e de frio, mesmo como eu gosto. E eu chorava. Chorava copiosamente...
O gatilho para aquele estado de tristeza foi sem dúvida o complô que todos os computadores cá de casa fizeram contra a minha pessoa. Todos. Sem exceção. Até aquele que supostamente teria vindo em meu auxílio diretamente da casa da mana. E é sempre assim... Quando mais precisamos que eles colaborem é quando eles mostram mais má vontade. Sacanas!
Este foi o motivo, mas as razões, essas, foram outras e as lágrimas que rolaram pela minha cara abaixo naquela manhã de domingo estavam em dívida para comigo já há muito tempo.
A verdade é que ainda não tinha chorado desde que o mundo como eu o conhecia desde há quase 21 anos se alterou de forma irremediável e incompreensível. Não tinha chorado pela perda daquilo que mais gostava de fazer. Não tinha chorado pela perda da companhia diária daquelas que se tornaram em verdadeiras amigas ao longo de tantos anos. Não tinha chorado pela ausência física da casa que me viu crescer, casar, ser mãe; da casa onde fui tão feliz e, mais recentemente, tão infeliz. Ainda não tinha chorado pela perda de um grupo de crianças - mais um! - que já considerava minhas, como acontece com todos os profissionais da infância. Não chorei quando arrumei as minhas imensas tralhas em caixotes. Não chorei quando fechei a porta daquela que, até ao passado dia 3 de outubro, foi a minha sala. Não chorei, quando carreguei, um a um, cada um desses caixotes até ao meu carro,  naquele dia atulhado de recordações - e algum lixo! Não chorei quando me despedi de cada uma das minhas colegas de trabalho. Não chorei no dia seguinte a ter vindo embora. Não chorei no dia do jantar que organizaram em minha homenagem e com tantas surpresas de fazer chorar os corações mais empedernidos. Não chorei quando me trataram mal, quando gozaram comigo, quando me faltaram ao respeito. 
Chorei agora. Por causa dos computadores de minha casa. Sacanas!
Chorar faz bem e é preciso.

Era só isto. Obrigada e bom dia!